sábado, 13 de março de 2010

É Que Tudo Acaba Onde Começou

Pedro Paulo terminou o almoço e pediu para a esposa Silvia acorda-lo quando fosse uma hora da tarde. Pepe como era conhecido pelos amigos havia marcado cabeleireiro para antes do trabalho. Como combinado Pepe foi acordado pelo beijo de Silvia. Despediu-se da esposa e saiu. Entrou no seu Gol e rodou até o Estreito, onde se localizava o salão do Zé Carlos, o corte de cabelo mais barato de Florianópolis. Pepe achava que pagar mais de 5 reais num corte de cabelo era exploração. Entrou no já conhecido ambiente. Uma cadeira, dessas de salão, na frente do espelho, o velho rádio ligado na rádio CBN, o banco de couro marrom para quem quisesse esperar ou até mesmo ficar ali sentado discutindo sobre futebol, política e teorias da conspiração com quem quer que chegasse no local.
Pepe chegou anunciando:
- O de sempre, Zé.
Terminado o trabalho Pepe pagou os 4 reais do corte e foi-se trabalhar.

Zé ficou por ali, sozinho. Sentou-se no banco marrom. Logo estava com a boca entreaberta com os olhos fixos em um ponto qualquer. Pensava em como estava velho já. E Zé estava realmente com uma idade considerável. Dizia-se do Zé que ele era o barbeiro dos generais em época de ditadura. Nesse momento entrou um cliente.

Marquinhos, o oficebói. Aprendera a cortar o cabelo no Zé ainda quando o pai era vivo. Aparado o cabelo, o ainda garoto saiu em direção ao banco. Não o banco de sentar, mas o banco do dinheiro. No caminho, assoviando Pra Ser Sincero dos Engenheiros, pensou que deveria mudar de emprego, pois não podia ser oficebói a vida inteira. Entrou no banco do Brasil e entrou na fila. Uma hora e meia de espera e então foi atendido.

Antonio cumprimentou Marquinhos. O garoto ia ali desde que Antonio começou a trabalhar no banco. E isso fazia uns dois anos. Como havia estudado para aquele concurso, pensou. Um ano estudando. Mas o salário recompensava. Marquinhos era seu ultimo atendimento, depois entraria nos seus 30 minutos de descanso. Despediu-se de Marquinhos e foi para a cozinha.

No caminho encontrou a “Tia” Teresa, que é como todos chamavam-na. Tia pois estava no banco havia 32 anos. Isso mesmo. Começou lá com 18. Antonio pediu para a Tia se já tinha saído café das três e meia. E a doce senhora respondeu alegre como sempre:
- Ta quentinho, meu filho. Ta quentinho.
Teresa foi buscar a bolsa no armário pois estava na hora de ir para o médico. Estava com dor “nas cadeiras” como ela mesma dizia. Enquanto caminhava para o consultório pensava em seu filho mais novo. Prestes a se casar. Justo com aquela interesseira. Os filhos, eram dois, viviam muito bem. Teresa trabalhava no banco porque gostava. Era sabido que sua maior alegria era ser chamada de Tia. Entrou no consultório e deu de cara com Elza.

Elza era sua amiga havia alguns anos. Isso mesmo, ERA. Deixaram de ser amigas pois Elza deu em cima do maridão da Tia Teresa. Justo o da Tia Teresa, o homem mais feio do Sambaqui. Elza não se arrependia, logo o contrario. Falava aos quatro cantos que separou sua melhor amiga do vigarista do Alfredo. O celular tocou. Essas alturas Tia Teresa já tinha virado a cara para Elza e esta por sua vez estava a caminho de casa.
- Alô. Sim, minha filha. Então passa me trazer de noite. Tchau.
Desligou.

Silvia ouviu o tu-tu-tu no outro lado da linha. Colocou o fone no gancho. Sozinha em casa. Ainda eram quinze para as cinco horas. Tomou um banho. Fez escova nos cabelos. Pintou as unhas. Colocou em dia a depilação. Colocou sua roupa mais sensual. O tempo passou e já era hora do marido chegar do trabalho. Sentou no sofá e esperou. Alguns minutos depois um barulho na porta. Pepe entrou e viu a esposa no sofá. Sedutora. Então pensou com certa felicidade: É sempre desse jeito, quando eu corto o cabelo ela me espera assim. Acho que as mãos do Zé me dão sorte.



Fala gente
Segundo post de 2010
só falta o Chris agora
Abraços e comentem

2 comentários:

  1. posso repetir? gosto do movimento dos teus textos, com a dose certa de humorzinho sacana.. e achei que o Pepe tem algo a ver contigo! hauha
    muito bom mesmo Duds!

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  2. só falta eu! uahua, muito bom dudu!

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oi, sinta-se em casa! (mesmo não estando)